quarta-feira, 29 de junho de 2011

AMOR ALIMENTO DAS ALMAS














O ESPÍRITA NO MUNDO


O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo 17 item 10;
O homem no mundo
10. Um sentimento de piedade deve sempre animar o coração dos que se reúnem sob as vistas do Senhor e imploram a assistência dos bons Espíritos. Purificai, pois, os vossos corações; não consintais que neles demore qualquer pensamento mundano ou fútil. Elevai o vosso espírito àqueles por quem chamais, a fim de que, encontrando em vós as necessárias disposições, possam lançar em profusão a semente que é preciso germine em vossas almas e dê frutos de caridade e justiça.
Não julgueis, todavia, que, exortando-vos incessantemente à prece e à evocação mental, pretendamos vivais uma vida mística, que vos conserve fora das leis da sociedade onde estais condenados a viver. Não; vivei com os homens da vossa época, como devem viver os homens. Sacrificai às necessidades, mesmo às frivolidades do dia, mas sacrificai com um sentimento de pureza que as possa santificar.
Sois chamados a estar em contacto com espíritos de naturezas diferentes, de caracteres opostos: não choqueis a nenhum daqueles com quem estiverdes. Sede joviais, sede ditosos, mas seja a vossa jovialidade a que provém de uma consciência limpa, seja a vossa ventura a do herdeiro do Céu que conta os dias que faltam para entrar na posse da sua herança.
Não consiste a virtude em assumirdes severo e lúgubre aspecto, em repelirdes os prazeres que as vossas condições humanas vos permitem. Basta reporteis todos os atos da vossa vida ao Criador que vo-la deu; basta que, quando começardes ou acabardes uma obra, eleveis o pensamento a esse Criador e lhe peçais, num arroubo d’alma, ou a sua proteção para que obtenhais êxito, ou a sua bênção para ela, se a concluístes. Em tudo o que fizerdes, remontai à Fonte de todas as coisas, para que nenhuma de vossas ações deixe de ser purificada e santificada pela lembrança de Deus.
A perfeição está toda, como disse o Cristo, na prática da caridade absoluta; mas, os deveres da caridade alcançam todas as posições sociais, desde o menor até o maior. Nenhuma caridade teria a praticar o homem que vivesse insulado. Unicamente no contacto com os seus semelhantes, nas lutas mais árduas é que ele encontra ensejo de praticá-la. Aquele, pois, que se isola priva-se voluntariamente do mais poderoso meio de aperfeiçoar-se; não tendo de pensar senão em si, sua vida é a de um egoísta. (Capítulo V, nº 26.) Não imagineis, portanto, que, para viverdes em comunicação constante conosco, para viverdes sob as vistas do Senhor, seja preciso vos cilicieis e cubrais de cinzas. Não, não, ainda uma vez vos dizemos. Ditosos sede, segundo as necessidades da Humanidade; mas, que jamais na vossa felicidade entre um pensamento ou um ato que o possa ofender, ou fazer se vele o semblante dos que vos amam e dirigem. Deus é amor, e aqueles que amam santamente ele os abençoa. Um Espírito Protetor. (Bordéus, 1863.)

O Livro dos Espíritos, questões 631, 632, 643,766 a 768, 770 e 771;

631. Tem meios o homem de distinguir por si mesmo o que é bem do que é mal?
“Sim, quando crê em Deus e o quer saber. Deus lhe deu inteligência para distinguir um do outro.”
632. Estando sujeito ao erro, não pode o homem enganar-se na apreciação do bem e do mal e crer que pratica o bem quando em realidade pratica o mal?
“Jesus disse: vede o que queríeis que vos fizessem ou não vos fizessem. Tudo se resume nisso. Não vos enganareis.”
643. Haverá quem, pela sua posição, não tenha possibilidade de fazer o bem?
“Não há quem não possa fazer o bem. Somente o egoísta nunca encontra ensejo de o praticar. Basta que se esteja em relações com outros homens para que se tenha ocasião de fazer o bem, e não há dia da existência que não ofereça, a quem não se ache cego pelo egoísmo, oportunidade de praticá-lo. Porque, fazer o bem não consiste, para o homem, apenas em ser caridoso, mas em ser útil, na medida do possível, todas as vezes que o seu concurso venha a ser necessário.”
766. A vida social está em a Natureza?
“Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Não lhe deu inutilmente a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação.”
767. É contrário à lei da Natureza o insulamento absoluto?
“Sem dúvida, pois que por instinto os homens buscam a sociedade e todos devem concorrer para o progresso, auxiliando-se mutuamente.”
768. Procurando a sociedade, não fará o homem mais do que obedecer a um sentimento pessoal, ou há nesse sentimento algum providencial objetivo de ordem mais geral?
“O homem tem que progredir. Insulado, não lhe é isso possível, por não dispor de todas as faculdades. Falta-lhe o contacto com os outros homens. No insulamento, ele se embrutece e estiola.”
Homem nenhum possui faculdades completas. Mediante a união social é que elas umas às outras se completam, para lhe assegurarem o bem-estar e o progresso. Por isso é que, precisando uns dos outros, os homens foram feitos para viver em sociedade e não insulados.
770. Que se deve pensar dos que vivem em absoluta reclusão, fugindo ao pernicioso contacto do mundo?
“Duplo egoísmo.”
a) - Mas, não será meritório esse retraimento se tiver por fim uma expiação, impondo-se aquele que o busca uma privação penosa?
“Fazer maior soma de bem do que de mal constitui a melhor expiação. Evitando um mal, aquele que por tal motivo se insula cai noutro, pois esquece a lei de amor e de caridade.”
771. Que pensar dos que fogem do mundo para se votarem ao mister de socorrer os desgraçados?
“Esses se elevam, rebaixando-se. Têm o duplo mérito de se colocarem acima dos gozos materiais e de fazerem o bem, obedecendo à lei do trabalho.”
a) - E dos que buscam no retiro a tranqüilidade que certos trabalhos reclamam?
“Isso não é retraimento absoluto do egoísta. Esses não se insulam da sociedade, porquanto para ela trabalham.”

Almas em Desfile, capítulo 11, segunda parte;
FALTA  DE  CARIDADE
 Hilário Silva
O templo espírita tinha dimensões pequenas.
Mas os amigos arranjaram um microfone. E Neves da Cruz, o orador convidado, falou para grande multidão. Gente por toda parte, entupindo portas e abafando janelas. A maior parte dos ouvintes enfrentava a noite, do lado de fora.
Depois de belas considerações em alta voz, Neves terminou:
- Caridade, meus amigos! Todos podemos dar. Os Mensageiros Divinos acompanham todos aqueles que servem com amor. Fugir à caridade é cair na avareza. Viver na preguiça é cair no tédio. E avareza e tédio fazem as doenças sem cura.
Muito aplaudido, Neves retirou-se para o lanche em casa de amigos. E, depois do lanche, o recolhimento no hotel, para a viagem no dia seguinte. Fazia calor e, sem sono, desceu à calçada e pôs-se a ler sob a luz da marquise.
Nisso, passa um velho esfarrapado e pede, estendendo a mão magra como graveto de carne viva:
- Uma esmola pelo amor de Deus!
Neves enfia a mão gorda e quente no bolso do paletó, e, sentindo-se antecipadamente na posse da oferta, diz o mendigo:
- Que os bons Espíritos o acompanhem...
O provável doador, no entanto, só encontra uma nota de cem cruzeiros como dinheiro trocado, e desiste.
Vendo que a mão vinha vazia, o ancião completou, revoltado:
- E nunca o alcancem...
Notando que estava sendo censurado, Neves torna a mergulhar os dedos no bolso, e o pedinte falou, novamente encorajado:
- Que os bons Espíritos o acompanhem e nunca o alcancem com doenças...
Cem cruzeiros, porém, no conceito do Neves, era muito, e a mão voltou sem nada.
Ao perder a esperança, o velho acrescentou:
- Que possam ser curadas.
- Mas isso é uma injúria! – disse Neves, irritado. – Quem ensinou o senhor a pedir assim, rogando pragas?
E o velho:
- Hoje, na casa espírita, um homem falou que os bons Espíritos acompanham as pessoas caridosas e que falta de caridade faz as moléstias sem cura.
Neves, ruborizado, sem dizer palavra, meteu a mão no bolso, arrancou a cédula de cem cruzeiros e deu-a ao velho.
(“Almas em Desfile”, de F C Xavier, W Vieira e Hilário Silva)

Assim vencerás, capítulo 25;
NO  MUNDO
A pretexto de exaltar a fé, não podemos fugir do mundo, como se o mundo não fosse a nossa escola de aperfeiçoamento e renovação.
Se o próprio Jesus veio pessoalmente ao mundo convocar os homens que o povoam a cooperar com Ele na construção do Reino de Deus, é que o Senhor confia nas almas que se encontram no mundo, falecendo-nos, assim, qualquer autoridade para condenar os que ainda se encontram na vida física, em busca do aprimoramento que lhes é necessário.
O Evangelho não improvisa heróis e nem relega aos anjos tarefas que devem estar em nossas mãos.
Retirar-se o cristão do mundo para consagrar-se ao êxtase adorativo, ao redor do Mestre, seria o contra-senso do soldado afastar-se do combate, mascarando a própria ociosidade com falaciosa lisonja, em torno do general que dirige.
É indispensável saibamos aceitar a nossa posição, dentro do mundo tal qual é:
Se o erro foi o nosso clima de ação até ontem, aprendamos a suportar, desde agora, as conseqüências da própria invigilância, reajustando-nos para a verdade e para o bem.
Se jazíamos cristalizados em deploráveis enganos, toleremos as lições amargas que a ignorância nos impôs e avancemos, de consciência reerguida, para a luz da própria ressurreição espiritual.
Não nos esqueçamos de que todos os vultos veneráveis do apostolado de Jesus saíram do mundo.
Todos os gênios da bondade e da abnegação que com Ele plantaram a bandeira do amor universal na Terra eram discípulos da experiência humana, diplomados pela bênção divina, no educandário do Planeta.
E, qual acontecia ontem, a oportunidade de sublimação, hoje, é inalterável.
Vivamos no mundo, melhorando a qualidade de nossa vida dentro dele; sirvamo-lo sem apego; recebamos de ânimo firme, os ensinamentos que nos reserva, cada dia; e, respirando em seus caminhos, sem a ele pertencermos, cooperaremos com o Celeste Orientador de nossos destinos a edificar para o mundo e com o mundo o Bem-aventurado e Divino Amanhã.
(“Assim Vencerás”, de F C Xavier e Emmanuel)

Bênção de Paz, capítulos 42, 45 e 48;
EM  AÇÃO  ESPÍRITA
Entretanto, procurai com zelo os melhores dons. - Paulo. (I Coríntios, 12:31.)

Em ação espírita evangélica é preciso saber, antes de tudo, que nos achamos na edificação do Reino de Deus a começar no burilamento de nós mesmos.
Reconhecer diante de qualquer pessoa que estamos convidados pelo Senhor à tarefa bendita de auxiliar.
Substituir a crítica pelo apoio fraterno, tanto possível, e, mesmo quando estejamos intimados ao serviço de correção, nunca executá-lo sem colocar-nos no lugar do companheiro passível de reprimenda , a fim de que a nossa palavra perca a propriedade de ferir.
Jamais esquecermos a obrigação de estudar para discernir com segurança.
Considerarmos com apreço e gratidão o esforço construtivo de todos os companheiros.
Aceitarmos com alegria a indicação para prestar pequeninos serviços.
Opinar em qualquer assunto com sinceridade sem rudeza e com brandura sem engodo.
Interpretarmos as dificuldades da vida por testes que nos positivem o valor da fé.
Usar para o bem comum quaisquer talentos que possuamos.
Não nos ausentarmos dos compromissos assumidos.
Compreendermos que todos necessitamos uns dos outros e que ninguém pode trabalhar com eficiência sem cultivar a cooperação.
Encontrar na mediunidade um instrumento para a sustentação da felicidade geral, sem escravizá-la aos nossos caprichos.
Aplicar os princípios da caridade no total das nossas obrigações.
Nunca desesperar nem desanimar à frente das provações, sejam elas quais forem.
Servir sempre.
Confiar na vitória final do bem.
(“Bênção de Paz”, de F C Xavier e Emmanuel)

EM  SERVIÇO  DO  MUNDO
Não peço que os tires do mundo e sim que os livres do mal. - Jesus.  (João. 17:15.)

Indubitavelmente  os cristãos de todas as procedências são chamados a viver no mundo sem se agarrarem ao mundo, para servirem ao mundo em nome do Senhor, valorizando conseqüentemente a si mesmos.
É assim que será possível encontrá-los em todas as posições.
Aqui e além somos defrontados por muitos companheiros que não compreendem o cristão verdadeiro sem a moldura externa do sofrimento. Entretanto, poucos se decidem a pensar no tormento dos que exibem sinais de conforto por fora, carregando no íntimo pesadas cruzes morais.
Bendito seja o lavrador que aprendeu a conquistar respeitabilidade e sustentação com o suor de cada dia, mas será menos bendito o dono do campo que passa, de semana a semana, sob o fogo mental da responsabilidade para manter a cúpula da lavoura indene de prejuízo e insucesso, tão-só porque se apresente no mundo em forma diferente, nos mecanismos da representação social?
Bendito seja o irmão que bate à porta da sopa fraterna, mostrando paciência e humildade no quadro de penúria em que se destaca; no entanto, será menos bendita a irmã que olvida o convite ao repouso para atendê-lo, apenas porque disponha de pão suficiente para distribuir?
Saibamos honrar cada obreiro na tarefa que a vida lhe atribui e recordemos que o próprio Jesus, em oração, pediu sabiamente ao Pai, em se referindo aos discípulos e seguidores: - Não vos peço que os tires do mundo e sim que os livres do mal.
(“Bênção de Paz”, de F C Xavier e Emmanuel)

MADUREZA  ESPIRITUAL
Quando eu era menino falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem desisti das coisas próprias de menino. - Paulo.  (I Coríntios 13:11.)

Antes do esclarecimento espírita é compreensível que a criatura subverta o valores da vida, mas depois de investir-se na posse do conhecimento da própria imortalidade e das leis que lhe regem os destinos, a maneira espírita de se conduzir claramente lhe revela o caráter cristão nas mínimas circunstâncias da existência.
É por esse motivo que o espírita evangélico:
age sem apego;
progride sem soberbia;
ama sem egoísmo;
serve sem recompensa;
auxilia sem reclamação;
aprende sem vaidade;
ensina sem exigência;
esclarece sem azedume;
perdoa sem condição;
espera sem ociosidade;
corrige sem reproche;
observa sem malícia;
socorre sem barulho;
opera sem temeridade;
colabora sem constrangimento;
constrói sem alarde;
confia sem bazófia;
administra sem imposição;
obedece sem servilismo.
O espírita evangélico, onde esteja e com quem esteja, sabe perfeitamente que as suas convicções se erigem à condição de veículos das idéias que abraça e, em razão disso, seleciona as suas próprias atitudes perante o mundo e a vida, consciente de que havendo atingido a madureza espiritual, se pode fazer o que quer, somente acerta com as Leis do Senhor quando faz o que deve.
(“Bênção de Paz”, de F C Xavier e Emmanuel)

Canais da Vida, capítulo 14;
ATITUDE  CRISTÃ
         Os espíritas revivendo a lição de Jesus, na atualidade terrestre, debalde exigirão socorro ao mundo, de vez que reencarnados no mundo, golpeados de provações, foram traduzidos a socorrer.
         É por isso que havendo obtido mis amplas gratificações de conhecimento superior, mais se lhes pedirá em atitude cristã diante do próximo, tanta vez mergulhado nas sombras da incompreensão e da insensatez.
         Imaginemos o símile nos mais apagados lances da atividade cotidiana.
         Se a semente recusasse o sacrifício no seio da gleba em que aprende a morrer para ressurgir a benefício dos outros, não colheríamos o grão que nos supre o celeiro e se o grão repelisse a mó que o desintegra, a pretexto de conservar-se, não disporíamos do recurso disponível ao pão que nos alimenta.
         Necessário entender que não somos chamados a receber o concurso alheio, mas sim a doar de nós próprios em solidariedade incansável, aprendendo na escola da renúncia a exercer o serviço incessante, o perdão incondicional, a cooperação sem barreiras e a bondade sem lindes.
         No lar, na profissão, nos templos da fé, na intimidade ou na via pública, somos convidados ao bem que Jesus testemunhou, a fim de que a nossa diretriz, a expressar-se no exemplo, projete-se nas mentes que nos rodeiam, induzindo-as à renovação.
         Não olvidemos que, tanto quanto possível, ao invés de rogarmos auxílio, antes de tudo devemos auxiliar, na certeza de que, se a nossa palavra elucida e reanima, somente a nossa atitude positiva na prática dos princípios que propagamos será bastante forte para reformar-nos.
         Urge reconhecer que somente a criatura em sincero reajustamento será capaz de reajustar, redimindo-se para redimir e aperfeiçoar-se para aperfeiçoar, a desfazer-se dos grilhões da ignorância para assimilar, em definitivo, a própria libertação através de nova luz.
(“Canais da Vida”, de F C Xavier e Emmanuel)

Cartas e Crônicas, capítulo 7;

CONSCIÊNCIA  ESPÍRITA

Diz você que não compreende o motivo de tanta autocensura nas comunicações dos espíritas desencarnados. Fulano, que deixou a melhor ficha de serviço, volta a escrever, declarando que não agiu entre os homens como deveria; sicrano, conhecido por elevado padrão de virtudes, regressa, por vários médiuns, a lastimar o tempo perdido... E você acentua, depois de interessantes apontamentos: “Tem-se a impressão de que os nossos confrades tornam, do Além, atormentados por terríveis complexos de culpa. Como explicar o fenômeno?
Creia, meu caro, que nutro pessoalmente pelos espíritas a mais enternecida admiração. Infatigáveis construtores do progresso, obreiros do Cristianismo Redivivo. Tanta liberdade, porém, receberam para a interpretação dos ensinamentos de Jesus que, sinceramente, não conheço neste mundo pessoas de fé mais favorecidos de raciocínio, ante os problemas da vida e do Universo. Carregando largos cabedais de conhecimento, é justo guardem eles a preocupação de realizar muito e sempre mais, a favor de tantos irmãos da Terra, detidos por ilusões e inibições no capítulo da crença.
Conta-se que Allan Kardec, quando reunia os textos de que nasceria “O Livro dos Espíritos”, recolheu-se ao leito, certa noite, impressionado com um sonho de Lutero, de que tomara notícias. O grande reformador, em seu tempo, acalentava a convicção de haver estado no paraíso, colhendo informes em torno da felicidade celestial.
Comovido, o codificador da Doutrina Espírita, durante o repouso, viu-se também fora do corpo, em singular desdobramento... Junto dele, identificou um enviado de Planos Sublimes que o transportou, de chofre, a nevoenta região, onde gemiam milhares de entidades em sofrimento estarrecedor. Soluços de aflição casavam-se a gritos de cólera, blasfêmias seguiam-se a gargalhadas de loucura.
Atônito, Kardec lembrou os tiranos da História e inquiriu, espantado:
- Jazem aqui os crucificadores de Jesus?
- Nenhum deles – informou o guia solícito. – Conquanto responsáveis, desconheciam, na essência, o mal que praticavam. O próprio Mestre auxiliou-os a se desembaraçarem do remorso, conseguindo-lhes abençoadas reencarnações, em que se resgataram perante a Lei.
- E os imperadores romanos? Decerto, padecerão nestes sítios aqueles mesmos suplícios que impuseram à Humanidade...
- Nada disso. Homens da categoria de Tibério ou Calígula não possuíam a mínima noção de espiritualidade. Alguns deles, depois de estágios regenerativos na Terra, já se elevaram a esferas superiores, enquanto que outros se demoram, até hoje, internados no campo físico, à beira da remissão.
- Acaso, andarão presos nestes vales sombrios – tornou o visitante – os algozes dos cristãos, nos séculos primitivos do Evangelho?
- De nenhum modo – replicou o lúcido acompanhante -, os carrascos dos seguidores de Jesus, nos dias apostólicos, eram homens e mulheres quase selvagens, apesar das tintas de civilização que ostentavam... Todos foram encaminhados à reencarnação, para adquirirem instrução e entendimento.
O codificador do Espiritismo pensou nos conquistadores da Antiguidade, Átila, Aníbal, Alarico I, Gengis Khan... Antes, todavia, que enunciasse nova pergunta, o mensageiro acrescentou, respondendo-lhe à consulta mental:
- Não vagueiam, por aqui, os guerreiros que recordas... Eles nada sabiam das realidades do espírito e, por isso, recolheram piedoso amparo, dirigidos para o renascimento carnal, entrando em lides expiatórias, conforme os débitos contraídos...
- Então, dize-me – rogou Kardec, emocionado -, que sofredores são estes, cujos gemidos e imprecações me cortam a alma?
E o orientador esclareceu, imperturbável:
- Temos junto de nós os que estavam no mundo plenamente educados quanto aos imperativos do Bem e da Verdade, e que fugiram deliberadamente da Verdade e do Bem, especialmente os cristãos infiéis de todas as épocas, perfeitos conhecedores da lição e do exemplo do Cristo e que se entregaram ao mal, por livre vontade... Para eles, um novo berço na Terra é sempre mais difícil...
Chocado com a inesperada observação, Kardec regressou ao corpo e, de imediato, levantou-se e escreveu a pergunta que apresentaria, na noite próxima, ao exame dos mentores da obra em andamento e que figura como sendo a Questão número 642, de “O Livro dos Espíritos”: “Para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal?”, indagação esta a que os instrutores retorquiram: “Não; cumpre-lhe fazer o bem, no limite de suas forças, porquanto responderá por todo o mal que haja resultado de não haver praticado o bem.”
Segundo é fácil de perceber, meu amigo, com princípios tão claros e tão lógicos, é natural que a consciência espírita, situada em confronto com as ideias dominantes nas religiões da maioria, seja muito diferente.
(“Cartas e Crônicas”, F C Xavier e Irmão X)

O Consolador, questão 68;

68 –Como conceituar o estado de espírito do homem moderno, que tanto se preocupa com o “estar bem na vida”, “ganhar bem” e “trabalhar para enriquecer”?
-Esse propósito do homem viciado, dos tempos atuais constitui forte expressão de ignorância dos valores espirituais na Terra, onde se verifica a inversão de quase todas as conquistas morais.
Foi esse excesso de inquietação, no mais desenfreado egoísmo, que provocou a crise moral do mundo, em cujos espetáculos sinistros podemos reconhecer que o homem físico, da radiotelefonia e do transatlântico, necessita de mais verdade que dinheiro, de mais luz que de pão.

Contos desta e doutra Vida, capítulos 38 e 40;

DECISÃO  NAS  TREVAS

ORGANIZADOR DE OBSSESSÕES – Caros companheiros, atualmente o nosso problema intricado é o Espiritismo. Ensinamentos renovadores em toda parte, horizontes claros na mente humana...
UM OBSERVADOR DAS TREVAS – Isso mesmo. Verdadeira lástima!
ORGANIZADOR DE OBSESSÕES – Os espíritas criam atmosfera semelhante à que se conheceu nos tempos do Cristo. Não se conformam à fé expectante dos santuários. Não há meio de isolá-los nas preces inativas. Por mais sugiramos encantamentos com melodias e aromas, rituais e painéis, mais se afastam das seduções magnéticas, atirando-se ao exercício do bem. Ao invés de arcas místicas, preferem tijolos para casas beneficentes. Em vez de se ajoelharem, caminham... Trocam perfumados ungüentos por suor desagradável, desde que possam servir aos semelhantes. Quadro igual ao da época de Jesus, em que se realizavam caravanas de socorro aos infelizes, onde os infelizes estivessem. Sabem vocês que tudo isso ocorre em prejuízo nosso, de vez que precisamos das energias do homem, tanto quanto o homem necessita dos recursos do boi. (O gênio das sombras piscou os olhos.) Indispensável encontrar o processo de esmagá-los, destruí-los...
UM OBSESSOR EXALTADO – Convém a guerra declarada, provocação de recinto em recinto...
ORGANIZADOR DE OBSESSÕES – Bobagem! Perseguição é benefício aos perseguidos. Deve ser feita apenas em nossa própria família, quando quisermos acordar um companheiro e torná-lo mais vantajoso...
UM OBSESSOR VIOLENTO – Pode-se promover o extermínio de todos eles... Desastres, envenenamentos... Um veículo motorizado é a morte de galochas, um medicamento mal dosado patrocina a desencarnação por descuido...
ORGANIZADOR DE OBSESSÕES – Morte assim não resolve. (Sorriu, brejeiro.) Vocês sabem que desde a crucificação de Jesus não valem vítimas públicas. Vítimas são cartazes de propaganda para as idéias que representam. Que adiantaria retirar essa gente do corpo físico? Engrossaria aqui a fileira dos que nos combatem. Imperioso inventar diferentes empresas de anulação.
UM MALFEITOR RECRUTA – Penso que seria ótimo se conseguíssemos formar falanges e falanges de obsessores, capazes de invadir os lares e as instituições espíritas, gerando a loucura em massa.
ORGANIZADOR DE OBSESSÕES – Medida contraproducente. As perturbações multiplicadas induziriam os espíritas a mais amplos estudos e observações dos princípios que abraçam... E vocês não desconhecem que o Espiritismo, quanto mais observado, mais luz fornece ao pensamento... Ora, é claro que a luz não nos permite o serviço da sombra...
UM OBSESSOR CONFUSIONISTA – Será possível engenhar novos truques, novas mistificações...
ORGANIZADOR DE OBSESSORES – Tolice! Isso traria mais estudo...
UM MALFEITOR ANTIGO – Calúnias e discórdias, criticas e escárnios nunca foram empregados em vão..
ORGANIZADOR DE OBSESSORES – Tudo isso é técnica superada. O povo em si quer rendimento de boas obras. Toda pessoa injuriada vence facilmente essas tramóias, desde que se converse trabalhando...
UM OBSESSOR FABRICANTE DE DÚVIDAS – A melhor providência seria, decerto, a dúvida. As maiores celebrações caem pela incerteza, imitando árvores poderosas quando sufocadas pela erva-de-passarinho... Procuremos atrasar o passo dos espíritas, instilando-lhes a vacilação em matéria de fé... Bastará um tanto mais de trabalho em nossas organizações e desconfiarão da Providência Divina e da imortalidade da alma, acabando com a mediunidade e arquivando as doutrinas pregadas por eles mesmos...
ORGANIZADOR DE OBSESSÕES – A idéia é interessante, mas o tiro sairia pela culatra. Sobrariam aqueles de ânimo inquebrantável que, estimulados pela dúvida, se decidiriam por mais ampla incursão nos domínios da realidade e, quando se pronunciassem, depois de mais amplas visões da vida, atrairiam multidões contra o nosso próprio esforço. 
UM VAMPIRIZADOR EXPERIENTE – tenho um projeto que me parece viável. Será fácil treinar alguns milhares de companheiros para a hipnose em larga escala e faremos que os espíritas se acreditem santos de carne e osso. Mobilizaremos legiões de amigos nossos que lhes assoprem lisonja ao coração, ocupando a mediunidade, seja na palavra falada ou escrita, para a sustentação de elogios mútuos. Faremos que se suponham heróis e reis, místicos e fidalgos reencarnados com títulos honoríficos, garantidos dos mundos superiores, como os beatos do tempo antigo se julgavam donos de poltronas cativas no reino dos Céus. Depois dessa primeira fase, estarão dispostos a serem bonzinhos, a viverem na santa paz com todos. Não mais abraçarão problemas; considerarão a análise desnecessária; não estimarão perder a companhia dos desencarnados ou encarnados que os bajulem, ao invés de canseira, a serviço de outros, mergulharão a existência em meditações no colchão de molas, esperando que os anjos lhes emprestem asas para a ascensão aos Espaços Felizes; usarão o silêncio para que a verdade não os incomode e aproveitarão a palavra, quando se trate de dourar a mentira que os favoreça.
Cada qual, assim, passará a viver entronizado na pequenina corte  dos adoradores que lhes mantenham as ilusões. Colocarão considerações terrestres muito acima dos patrimônios espirituais, para não ferirem a claque dos amigos que os incensem; abominarão desgostos e aborrecimentos; nada quererão com discernimento e raciocínio; dirão que o mal será apagado pela bondade de Deus e não se lembrarão de que Deus espera por eles para que o bem triunfe do mal, estirando-se em meditações inoperantes acerca dos milênios vindouros; fugirão do mundo para não perderem a veste imaculada; detestarão qualquer empreendimento que vise a movimentar as idéias espíritas nas praças do mundo, a fim de não sofrerem incompreensões e desgaste...
Em suma, há religiões que possuem santos de pedra ou gesso, mas nós com a hipnose na base da ação acabaremos improvisando neles santos de carne e osso por fora, conquanto prossigam na condição de homens e mulheres por dentro...
Creio que, desse modo, enquanto estiverem preocupados em preservar a postura e a mascara dos santos, não disporão de tempo algum para os interesses do espírito...
ORGANIZADOR DE OBSESSORES – Excelente! Excelente! (O Chefe mostrou largo sorriso de satisfação.) Até que enfim! Até que enfim!... Mãos à obra!...
MILHARES DE MALFEITORES E OBSESSORES – Muito bem!...Muito bem!...
(“Contos Desta e Doutra Vida”, F C Xavier e Irmão X)

O  GRUPO  PERFEITO

O Espírito de Júlio Marques comandava o pequeno agrupamento com critério e bondade. Condutor paciente do diminuto rebanho de companheiros espíritas-cristãos. Duas vezes por semana, incorporado na médium Dona Maria Paula, orientava os amigos na atividade evangélica. Ternura aliada à experiência, firmeza conjugada à abnegação. Conflitos e dificuldades morais ecoavam nele de modo particular, arrancando-lhe palavras iluminadas de benevolência e candura, a deslizarem nas alheias feridas por bálsamo de esperança.
Numa das noites em que lhe compartilhávamos a responsabilidade, à feição de apagado trabalhador da retaguarda, notamos a presença de jovem senhora na assistência. Identificava-se por Dona Clara. Dama inteligente, distinta. Punha os pensamentos à mostra, na conversação espontânea. Insatisfeita. Inquiridora.
Tão logo notou Marques encerrando o comentário edificante, pespegou-lhe interrogação à queima-roupa:
- Irmão Júlio, posso pedir-lhe uma orientação?
O interpelado respondeu, humilde:
- Sou deficiente demais para isso; entretanto, estou nesta casa para servir...
E o entendimento continuou:
- Desejo formar um grupo espírita, de acordo com o meu ideal... Acha o senhor que posso pensar nisso?
- Sem dúvida alguma. Todos somos chamados à obra do Senhor...
- Mas eu quero, irmão Júlio, organizar um círculo de criaturas elevadas e sinceras, que apenas cogitem da virtude praticada, unicamente da virtude praticada!...
- Grande propósito!
- Uma instituição em que as pessoas se confraternizem, com rigoroso senso de pureza íntima... Nada de egoísmo, irritação, incompreensão, contenda...
- Sim, minha filha...
- Um grêmio, em que todos os associados vibrem pelo padrão do Evangelho... Pessoas simples e imaculadas, que não encontrem qualquer obstáculo para a harmonia de convivência ... Verdadeiros apóstolos do bem... O irmão Júlio está ouvindo?
- Sim, filha, continue...
-  Anseio por uma comunidade consagrada às realizações espíritas sem a mais leve perturbação. Os médiuns serão espelhos mentais cristalinos, retratando o verbo do Alto, como os lagos transparentes que refletem o Sol. Os diretores governarão as tarefas, na posição de almas primorosas, capazes de todos os sacrifícios pela causa da verdade, e os cooperadores, corretos e conscientes, integrarão equipe afinada, de maneira incondicional, com os princípios da nossa Doutrina de Luz...
- Plano sublime!...
- O ambiente lembrará uma fonte viva de paz e sabedoria em que os justos desencarnados se sentirão à vontade para ministrar aos homens os ensinamentos das Esferas Superiores, com a segurança de quem usa instrumentação irrepreensível...
- Sim, sim...
- Aspiro à criação de um conjunto que desconheça imperfeições e fraquezas, problemas e atritos...
- Deus nos ouça...
- Entre as paredes da organização que me proponho levantar, ninguém terá lugar para malquerença ou desânimo... Tudo será tranqüilidade e alegria... Nenhuma brecha para discórdias.
- Que o Senhor nos ampare...
- Um templo a edificar-se na base de cooperadores que jamais descerão da nobreza própria, a ofertarem um espetáculo permanente de Céu na Terra, para a exaltação da caridade...
- Sim, sim...
Observando que o amigo espiritual não se desviava dos conceitos curtos, sem enunciar opiniões abertas, Dona Clara acentuou:
- Posso contar com o senhor?
- Ah! Filha, não me vejo habilitado...
- Ora essa! Porquê
- Sou um espírito demasiadamente imperfeito... Ainda estou muito ligado à Terra.
- Mas, recebemos tantos ensinamentos de sua boca!
- Esses ensinamentos não me pertencem, chegam dos mentores que se compadecem de minha insuficiência... Brotam em minha frase como a flor que desponta de um vaso rachado. Não confunda a semente, que é divina, com a terra que, às vezes, não passa de lama...
- Então, o irmão Júlio ainda tem lutas por vencer?
- Não queira saber, minha filha... Tenho a esposa, que prossegue viúva em dolorosa velhice, possuo um filho no manicômio, um genro obsidiado, dois netos em casa de correção... Minha nora, ontem, fez duas tentativas de suicídio, tamanhas as privações e provocações em que se encontra. Preciso atender aos que o Senhor me concedeu... Minhas dívidas do passado confundem-se com as deles. Por isso, há momentos em que me sinto fatigado, triste... Vejo-me diariamente necessitado de orar e trabalhar para restabelecer o próprio ânimo... Como verifica, embora desencarnado, sofro abatimentos e desencantos que nem sempre fazem de mim o companheiro desejável...
- Oh! É assim?
- Como não, filha? Todos estamos evoluindo, aprendendo...
Dona Clara refletiu um momento e voltou à carga:
- Mas, em algum lugar, haverá decerto uma associação impecável... Diga, irmão Júlio, o senhor sabe de alguma equipe sem defeito, como eu quero? E se sabe, onde é que ela está?
O Espírito amigo, senhoreando integralmente a médium, pensou também por um instante e respondeu com a mais pura ingenuidade que já vi até agora:
- Sim, minha filha, um grupo assim tão perfeito deve existir... Com toda a certeza deve ser o grupo de Nosso Senhor Jesus-Cristo.
(“Contos Desta e Doutra Vida”, F C Xavier e Irmão X) 
 
Coragem, capítulo 46;
VOTO  ESPÍRITA
Albino Teixeira 
O espírita é alguém que assegura a si mesmo ser efetivamente:
- tão confiante nas leis Divinas que jamais se confia à desesperação por mais agudo que lhe seja o sofrimento;
- tão otimista que nunca perde a coragem, nos embaraços de que se vê defrontado, aguardando o melhor que pode nas atividades do dia-a-dia;
- tão diligente que jamais abandona o trabalho, ainda mesmo quando lucros ou perdas o induzam a isso;
- tão compreensivo que facilmente descobre os meios de justificar as faltas do próximo;
- tão firme nos ideais que, em circunstância alguma, surpreende motivos para cair em desânimo;
- tão sereno que não se afasta da paciência, sejam guias forem os sucessos desagradáveis;
- tão conhecedor das próprias fraquezas que não encontra oportunidade ou inclinação para registrar as fraquezas dos outros;
- tão estudioso que não perde o mínimo ensejo para a aquisição de novos conhecimentos;
- tão realista que não alimenta qualquer ilusão a seu próprio respeito, aceitando-se hoje imperfeito ou desajustado, como seja, mas sempre envidando esforço máximo para ser amanhã como deve ser; 
- tão entusiasmado ante a Criação e a Vida Eterna que jamais permite venham dificuldades ou provações solopar-lhe a alegria de viver ou obscurecer-lhe o dom de servir.
O espírita, enfim, é alguém ciente de que Deus está ao lado de todos, mas procura firmar-se, sentir, pensar, e agir, incessantemente, ao lado de DEUS.
("Coragem", de F C Xavier e espíritos diversos)

O Espírito da Verdade, capítulo 3;
LEGENDA  ESPÍRITA
Bezerra de Menezes
O cultivador é conduzido ao pântano para convertê-lo em terra fértil.
O técnico é convidado ao motor em desajuste para sanar-lhe os defeitos.
O médico é solicitado ao enfermo para a benção da cura.
O professor é trazido ao analfabeto para auxiliá-lo na escola.
Entretanto, nem as feridas da terra, nem os desequilíbrios da máquina, nem as chagas do corpo e nem as sombras da inteligência se desfazem à custa de conversas amargas e, sim, ao preço de trabalho e devotamento.
O espírita cristão é chamado aos problemas do mundo, a fim de ajudar-lhes a solução; contudo, para atender em semelhante mister, há que silenciar discórdia e censura e alongar entendimento e serviço.
É por essa razão que interpretando o conceito “salvar” por “livrar da ruína” ou “preservar do perigo”, colocou Allan Kardec, no luminoso portal da Doutrina Espírita, a sua legenda inesquecível:
-”Fora da caridade não há salvação”
(“O Espírito da Verdade”, de F C Xavier, W Vieira e Espíritos Diversos)

Escrínio de Luz, “Comunhão Social”;

COMUNHÃO   SOCIAL

Sob a desculpa de purificar-se com Jesus, não há seguidor do Evangelho com direito a eximir-se da vida de relação.
Nenhum modelo existe mais perfeito que o próprio Cristo para inspirar-nos o contato social, ajustado ao senso das proporções.
O Mestre partilhou companhias dos mais diversos níveis, sem largar o caminho ou empanar a integridade.
Principiando a jornada terrestre, aceita a hospitalidade de pastores anônimos, no refúgio dos animais; entretanto, nunca recomendou que os cultivadores da Boa Nova devam, por essa razão, adotar residências em forma de estábulos.
Ainda na infância, entende-se com doutores da lei, mas, embora não lhes negue respeito, porque trate com principais do seu tempo, não se deixe influenciar por seus pontos-de-vista.
Inicia as atividades públicas de arauto da verdade, prestigiando os júbilos de uma festa esponsalícia em Caná; todavia, por esse motivo, não se sente obrigado ao casamento, e, abstendo-se de erguer lar próprio, não traça qualquer obrigação de celibato aos aprendizes.
Cura obsediados e restaura enfermos; no entanto, apesar de induzir-lhes o ânimo ao trabalho e à renovação, não lhes impõe normas de vida.
Serve-se do prato, junto de pessoas consideradas menos dignas, sem abraçar-lhes a rota.
Recebe a visita de Nicodemos, maioral entre israelitas; contudo, não se prevalece da circunstância para rogar-lhe favor.
Recolhe as simpatias de Zaqueu, publicano afortunado, penetrando-lhe o domicílio sem lhe solicitar proteção dinheirosa.
Dedica acendrada afeição aos amigos de Betânia, mas não se lhes imiscui na vivência doméstica.
Mantém laços tão íntimos com José, homem rico de Arimatéia, - que Mateus, no versículo 57 do capítulo 27 de suas anotações, chega a dizer que esse homem lhe era também discípulo, todavia, não existe a menor informação de que o forçasse a qualquer compromisso.
Achando-se a Doutrina Espírita no mundo para reconstituir os ensinamentos de Jesus, é importante estudar-lhe os exemplos, a fim de que possamos praticar-lhe as lições.
Cada criatura em sua responsabilidade e em seu degrau.
Em razão disso, mostra-nos o Senhor que é possível desfrutar o convívio de todos, aprendendo e servindo, sem constranger a ninguém nisso ou naquilo, mas permanecendo sempre nós, em nós mesmos, para fazer em sã consciência tudo aquilo que o Bem nos determine fazer.
________
R. L. Stevenson em “An Apology for Idleres”. There is no duty we so much under-rate as the duty of being happy. Nenhum dever menosprezamos tanto quanto o dever de sermos felizes.
(“Escrínio de Luz”, de F C Xavier e Emmanuel)

Livro da Esperança, capítulos 1,70 e 77;
CULTO  ESPÍRITA
 “Não penseis que eu tenha vindo destruir a lei ou os profetas: não os vim destruir, mas cumpri-los.”  JESUS - MATEUS, 5: 11.

“Assim como o Cristo disse: “Não vim destruir a lei, porém cumpri-la”, também o espiritismo diz: “Não venho destruir a lei cristã,mas dar-lhe execução.”Cap. 1, 7.

          O Culto Espírita,expressando veneração aos princípios evangélicos que ele mesmo restaura, apela para o íntimo de cada um, a fim de patentear-se.
          Ninguém precisa inquirir o modo de nobilitá-lo com mais grandeza, porque reverenciá-lo é conferir-lhe força e substância na própria vida.
          Mãe,aceitarás os encargos e os sacrifícios do lar amando e auxiliando a Humanidade,no esposo e nos filhos que a Sabedoria Divina te confiou.
          Dirigente, honrarás os dirigidos.
          Legislador, não farás da autoridade instrumento de opressão.
          Administrador, respeitarás a posse e o dinheiro, empregando-lhes os recursos no bem de todos, com o devido discernimento.
          Mestre, ensinarás construindo.
          Pensador, não torcerás as convicções que te enobrecem.
          Cientista, descortinarás caminhos novos, sem degradar a inteligência.
          Médico, viverás na dignidade da profissão sem negociar com as dores dos semelhantes.
          Magistrado, sustentarás a justiça.
          Advogado, preservarás o direito.
          Escritor, não molharás a pena no lodo do viciado, nem no veneno da injúria.
          Poeta, converterás a inspiração em fonte de luz.
          Orador, cultivarás a verdade.
          Artista, exaltarás o gênio e a sensibilidade sem corrompê-los.
          Chefe, serás humano e generoso, sem fugir à imparcialidade e à razão.
          Operário, não furtarás o tempo, envilecendo a tarefa.
          Lavrador, protegerás a terra.
          Comerciante, não incentivarás a fome ou o desconforto, a pretexto de lucro.
          Cobrador de impostos, aplicarás os regulamentos com eqüidade.
          Médium, serás sincero, e leal aos compromissos que abraças, evitando perverter os talentos do plano espiritual no profissionalismo, religioso.
0 culto espírita possui um templo vivo em cada consciência na esfera de todos aqueles que lhe esposam as instruções, de conformidade com o ensino de Jesus: “0 reino de Deus está dentro de vós” e toda a sua teologia se resume na definição do Evangelho: “a cada um por suas obras”.
          À vista disso, prescindindo de convenção pragmática, temos nele o caminho libertador alma,educando-nos raciocínio e sentimento, para que possamos servir na construção do mundo melhor.
(“Livro da Esperança”, de F C Xavier e Emmanuel)

SER   ESPÍRITA
“Tenho-vos dito isto paro que em mim tenhais paz: no mundo. tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” JESUS JOÃO, 16:33.

“Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que Ele vos confiou; mas atenção! entre os chamados para o Espiritismo muitos se transviaram; reparai, pois, vosso caminho e segui a verdade.” - Cap. XX, 4.

         Doutrina Espírita - Cristianismo Renascente.
         Ser espírita é constituir-se em núcleo de ação edificante, através do qual principia a Nova Era.
         Fala-se no mundo de hoje, qual se o mundo estivesse reduzido à casa em ruínas.
         O espírita é chamado à função da viga robusta, suscetível de mostrar que nem tudo se perdeu.
         Há quem diga que a Humanidade jaz em processo de desagregação.
         0 espírita é convidado a guardar-se por célula sadia, capaz de abrir caminho à recuperação do organismo social.
         0 espírita, onde surja a destruição, converte-se em apelo ao refazimento; onde estoure a indisciplina, faz-se esteio da ordem e, onde lavre o pessimismo, ergue-se, de imediato, por mensagem de esperança.
         Assim sucede, porque o espírita reconhece que não vale exigir dos outros aquilo que não fazemos, nem reclamar no vizinho o clarão de um farol, quando, muitas vezes, esse mesmo vizinho espera pela chama de alguém que lhe aqueça e ilumine o coração enregelado na sombra.
Companheiro de ideal!        
          Ensinamento espírita é a palavra do Cristo que nos alcança sem gritar e a obra espírita, desde as bases primordiais de Allan Kardec, é construção do Evangelho, levantando as criaturas sem rebaixar a ninguém.
         Trabalha servindo, cônscio de que cada um de nós é o agente da propaganda de si mesmo, no trabalho da redenção humana, que não nasce da violência e sim da verdade e do amor, no toque fraternal de espírito a espírito.
         A vista disso, se muito podes realizar, a benefício do próximo, por aquilo que sabes, somente conseguirás renovar os semelhantes por aquilo que és.
(“Livro da Esperança”, de F C Xavier e Emmanuel)

ESPIRITISMO  E  NÓS
 “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos”.JESUS - JOÃO, 14: 15.

“Espiritismo vem realizar, na época prevista, as promessas do Cristo. Entretanto, não o pode fazer sim destruir os abusos. ” - Cap. 23, 17.

Todas as religiões garantem retiros e internatos, organizações e hierarquias para a formação de orientadores condicionados, que lhes exponham as instruções, segundo o controle que lhes parece conveniente.
A Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo puro, é a religião do esclarecimento livre.
Mas se nós, os espíritas encarnados e desencarnados, situamos nossas pequeninas pessoas, acima dos grandes princípios que a expressam, estaremos muito distantes dela, confundidos nos delírios do personalismo deprimente, em nome da liberdade.
Todas as religiões amontoam riquezas terrestres, através de templos suntuosos, declarando que assim procedem para render homenagem condigna à Divina Bondade.
A Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo puro, é a religião do desprendimento.
Entretanto, se nós, os espíritas encarnados e desencarnados, encarcerarmos a própria mente nas hipnoses de adoração a pessoas ou na ilusão de posses materiais passageiras, tombaremos em amargos processos de obsessão mútua, descendo à condição de vampiros intelectualizados uns dos outros, gravitando em torno de interesses sombrios e perdendo a visão dos Planos Superiores.
Todas as religiões cultivam rigoroso sentido de seita, mantendo a segregação dos profitentes.
A Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo puro, é a religião da solidariedade.
Contudo, se nós, os espíritas encarnados e desencarnados abraçarmos aventuras e distorções, em torno do ensino espírita, ainda mesmo quando inocentes e piedosas, na conta de fraternidade, levantaremos novas Inquisições do fanatismo e da violência contra nós mesmos.
Todas as religiões sustentam claustros ou discriminações, a pretexto de se resguardarem contra o vício.
A Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo puro, é a religião do pensamento reto.
Todavia, se nós, os espíritas encarnados e desencarnados, convocados a servir no mundo desertarmos do concurso aos semelhantes, a título de suposta humildade ou por temor de preconceitos, acabaremos inúteis, nos círculos fechados da virtude de superfície.
Todas as religiões, de um modo ou de outro alimentam representantes e ministérios remunerados.
A Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo puro, é a religião da assistência gratuita.
No entanto, se nós, os espíritas encarnados e desencarnados, fugirmos de agir, viver e aprender à custa do esforço próprio, incentivando tarefeiros pagos e cooperações financiadas, cairemos, sem perceber, nas sombras do profissionalismo religioso.
Todas as religiões são credoras de profundo respeito e de imensa gratidão pelos serviços que prestam à Humanidade.
Nós, porém, os espíritas encarnados e desencarnados, não podemos esquecer que somos chamados a reviver o Cristianismo puro, a fim de que as leis do Bem Eterno funcionem na responsabilidade de cada consciência.
Exortou-nos o Cristo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.¨
” E prometeu: “Conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres.¨
” Proclamou Kardec: “Fora da caridade não há salvação.¨
” E esclareceu: “Fé verdadeira é aquela que pode encarar a razão face à face.¨
” Isso quer dizer que sem amor não haverá luz no caminho e que sem caridade não existirá tranqüilidade para ninguém, mas estes mesmos enunciados significam igualmente que sem justiça e sem lógica, os nossos melhores sentimentos podem transfigurar- se em meros caprichos do coração.
(“Livro da Esperança”, de F C Xavier e Emmanuel)

Opinião Espírita, capítulos 3 e 7;
TRAÇO  ESPÍRITA
 E - Cap.XVII - Item 7

O companheiro, contado na estatística da Nova Revelação, não pode viver de modo diferente dos outros, no entanto, é convidado pela consciência a imprimir o traço de sua convicção espírita em cada atitude.
Trabalha - não ao jeito de pião consciente enrolado ao cordel da ambição desregrada, aniquilando-se sem qualquer proveito. Age construindo.
Ganha - não para reter o dinheiro ou os recursos da vida na geladeira da usura. Possui auxiliando.
Estuda - não para converter a personalidade num cabide de condecorações acadêmicas sem valor para a humanidade. Aprende servindo.
Prega - não para premiar-se em torneios de oratória e eloqüência, transfigurando a tribuna em altar de suposto endeusamento. Fala edificando.
Administra - não para ostentar-se nas galerias do poder, sem aderir à responsabilidade que lhe pesa nos ombros. Dirige obedecendo.
Instrui - não para transformar os aprendizes em carneiro destinados à tosquia constante, na garantia de propinas sociais e econômicas. Ensina exemplificando.
Redige - não para exibir a pompa do dicionário ou render homenagens às extravagâncias de escritores que fazem da literatura complicado pedestal para o incenso a si mesmos. Escreve enobrecendo.
Cultiva a fé - não com o intento pretensioso de escalar o céu teológico pelo êxtase inoperante, na falsa idéia de caprichos e privilégios. Crê realizando.
O espírita vive como vivem os outros, mas em todas as manifestações da existência é chamado a servir aos outros, através da atitude.
(“Opinião Espírita”, de F C Xavier, W Vieira, Emmanuel e André Luiz)

O  ESPÍRITA  DEVE  SER
 L _ Questão 843

O espírita deve ser verdadeiro, mas não agressivo, manejando a verdade a ponto de convertê-la em tacape na pele dos semelhantes.
Bom, mas não displicente que chegue a favorecer a força do mal, sob o pretexto de cultivar a ternura.
Generoso, mas não perdulário que abrace a prodigalidade excessiva, sufocando as possibilidades de trabalho que despontam nos outros.
Doce, mas não tão doce que atinja a dúbia melifuidade, incapaz de assumir determinados compromissos na hora da decisão
Justo, mas não implacável, em nome da justiça, impedindo a recuperação dos que caem e sofrem.
Claro, mas não desabrido, dando a idéia de eleger-se em fiscal de consciências alheias.
Franco, mas não insolente, ferindo os outros.
Paciente, mas não irresponsável, adotando negligência em nome da gentileza.
Tolerante, mas não indiferente, aplaudindo o erro deliberado em benefício da sombra.
Calmo, mas não tão sossegado que se afogue em preguiça.
Confiante, mas não fanático que se abstenha do raciocínio.
Persistente, mas não teimoso, viciando-se em rebelar-se.
Diligente, mas não precipitado, destruindo a si próprio.
"Conhece-te a ti mesmo" - diz a filosofia, e para conhecer a nós mesmos, é necessário escolher atitude e posição de equilíbrio, seja na emotividade ou no pensamento, na palavra ou na ação, porque, efetivamente, o equilíbrio nunca é demais.
(“Opinião Espírita”, de F C Xavier, W Vieira, Emmanuel e André Luiz)

Pensamento e Vida, capítulo 18;
SOCIEDADE
A sociedade humana pode ser comprada a imensa floresta de criações mentais, onde cada espírito, em processo de evolução e acrisolamento, encontra os reflexos de si mesmo.
 Aí dentro os princípios de ação e reação funciona exatos.
 As pátrias, grandes matrizes do progresso, constituem notáveis fulcros da civilização ou expressivos redutos de trabalho, em que vastos grupos de almas se demoram  no serviço de auto-educação, mediante o serviço à comunidade, emigrando, muita vez, de um país para outro, conforme se lhes faça precisa essa ou aquela aquisição nas linhas da experiência.
 O lar coletivo, definindo afinidades radicais e interesses do clã, é o conjunto das emoções e dos pensamentos daqueles que o povoam.
 Entre as fronteiras vibratórias que o definem, por intermédio dos breves aprendizados “berço-túmulo”, que denominamos existências terrestres, transfere-se a alma de posição, conforme os reflexos que haja lançado de si mesma e conforme aqueles que haja assimilado do ambiente em que estagiou.
 Atingida a época da aferição dos próprios valores, quando a morte física determina a extinção da força vital corpórea, emprestada ao espírito para a sua excursão de desenvolvimento e serviço, reajuste ou elevação, na esfera da carne, colhemos os resultados de nossa conduta e, bastas vezes, é preciso recomeçar o trabalho para regenerar atitudes e purificar sentimentos, na reconstrução de nossos destinos.
 Dessa forma, os corações que hoje oprimem o próximo, a se prevalecerem da galeria social em que se acastelam, na ilusória supremacia do ouro, voltam amanhã ao terreno torturado da carência e do infortúnio, recolhendo, em impactos diretos, os raios de sofrimento que semearam no solo das necessidades alheias,.
 E se as vítimas e os verdugos  não souberem exercer largamente o perdão recíproco, encontramos no mundo social verdadeiro círculo vicioso em que se entrechocam, constantemente, as ondas da vingança e do ódio, da dissensão e do crime, assegurando clima favorável aos processos da delinqüência.
 Sociedades que ontem escravizaram o braço humano são hoje obrigadas a afagar, por filhos do próprio seio, aqueles que elas furtaram à terra em que se lhes situava o degrau evolutivo.
 Hordas invasoras que talam os campos de povos humildes e inermes, neles renascem como rebentos do chão consquistado, garantindo o refazimento das instituições que feriram ou depredaram.
 Agrupamentos separatistas, que humilham irmãos  de cor, voltam na pigmentação que detestam, arrecadando a compensação das próprias obras.
 Citadinos aristocratas, insensíveis aos problemas da classe obscura, depois de respirarem o conforto de avenidas suntuosos costumam renascer em bairros atormentados e anônimos, bebendo no cálix do pauperismo os reflexos da crueldade risonha com que assistiram, noutro tempo, à dor e à dificuldade dos filhos do sofrimento.
 Em todas as épocas, a sociedade humana é o filtro gigantesco do espírito, em que  as almas, nos fios da experiência, na abastança ou na miséria, na direção ou na subalternidade, colhem os frutos da plantação que lhes é própria, retardando o passo na planície vulgar ou acelerando-o para os cimos da vida, em obediência da evolução.
(“Pensamento e Vida”,de F C Xavier e Emmanuel)

Religião dos Espíritos, “Palavra aos espíritas”;
PALAVRAS  AOS  ESPÍRITAS
Questão nº798

Espiritismo revivendo o Cristianismo – eis a nossa responsabilidade.
Como outrora Jesus revelou a verdade em amor, no selo das religiões bárbaras de há dois mil anos, usando a própria vida como espelho do ensinamento de que se fizera veículo, cabe agora ao Espiritismo confirmar-lhe o ministério divino, transfigurando-lhe as lições em serviço de aprimoramento da Humanidade.
Espíritas!
Lembremo-nos de que templos numerosos, há muitos séculos, falam dEle efetuando porfiosa corrida ao poder humano, olvidando-lhe a abnegação e a humildade.
E porque não puderam acomodar-se aos imperativos do Evangelho, fascinados que se achavam pela posse da autoridade e do ouro, erigiram pedestais de intolerância para si mesmos.
Todavia, a intolerância é a matriz do fratricídio, e o fratricídio é a guerra de conquista em ação. E a lei da guerra de conquista é o império da rapina e do assalto, da insolência e do ódio, da violência e da crueldade, proscrevendo a honra e aniquilando a cultura, remunerando a astúcia e laureando o crime, acendendo fogueiras e semeando ruínas em rajadas de sangue e destruição.
Somos, assim, chamados à tarefa da restauração e da paz, sem que essa restauração signifique retorno aos mesmos erros e sem que essa paz traduza a inércia dos pântanos.
É imprescindível estudar educando, o trabalhar construindo.
Não vos afasteis do Cristo de Deus, sob pena de converterdes o fenômeno em fator de vossa própria servidão às cidadelas dá sombra, nem algemeis os punhos mentais ao cientificismo pretensioso.
Mantendo o cérebro e o coração em sincronia de movimentos, mas não vos esqueças de que o Divino Mestre superou a aridez do raciocínio com a água viva do sentimento, a fim de que o mundo moral do homem não se transforme em pavoroso deserto.
Aprendamos do Cristo a mansidão vigilante.
Herdemos do Cristo a esperança operosa.
Imitemos do Cristo a caridade intimorata.
Tenhamos do Cristo o exemplo resoluto.
Saibamos preservar e defender a pureza e a
simplicidade de nossos princípios.
Não basta a fé para vencer. É preciso que a fidelidade aos compromissos assumidos se nos Instale por chama inextinguível na própria alma.
Nem conflitos estéreis.
Nem fanatismo dogmático.
Nem tronos de ouro.
Nem exotismos.
Nem perturbação fantasiada de grandeza intelectual.
Nem bajulação às conveniências do mundo.
Nem mensagens de terror.
Nem vaticínios mirabolantes.
Acima de tudo, cultuemos as bases codificadas por Allan Kardec, sob a chancela do Senhor, assinalando-nos as vidas renovadas, no rumo do Bem Eterno.
O Espiritismo, desdobrando o Cristianismo, é claro como o sol.
Não nos percamos em labirintos desnecessários, porquanto ao espírita não se permite a expectação da miopia mental.
Sigamos, pois, à frente, destemerosos e otimistas, seguros no dever e leais à própria consciência, na certeza de que o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo está empenhado em nossas mãos.
("Religião dos Espíritos", de F C Xavier e Emmanuel)

Sinal Verde, capítulos 10, 19 e41;
NA  VIA  PÚBLICA
A rua é um departamento importante da escola do mundo, onde cada criatura pode ensinar e aprender.
Encontrando amigos ou simples conhecidos, tome a iniciativa da saudação, usando cordialidade e carinho sem excesso.
Caminhe em seu passo natural dentro da movimentação que se faça precisa, como se deve igualmente viver: sem atropelar os outros.
Se você está num coletivo, acomode-se de maneira a não incomodar os vizinhos.
Se você está de carro, por mais inquietação ou mais pressa, atenda às leis do trânsito e aos princípios do respeito ao próximo, imunizando-se contra males suscetíveis de lhe amargurarem por longo tempo.
Recebendo as saudações de alguém, responda com espontaneidade e cortesia.
Não detenha companheiros na vida pública, absorvendo-lhes tempo e atenção com assuntos adiáveis para momento oportuno.
Ante a abordagem dessa ou daquela pessoa, pratique a bondade e a gentileza, conquanto a pressa, freqüentemente, esteja em suas cogitações.
Em meio às maiores exigências de serviço, é possível falar com serenidade e compreensão, ainda mesmo por um simples minuto.
Rogando um favor, faça isso de modo digno, evitando assobios, brincadeiras de mau gosto ou frases desrespeitosas, na certeza de que os outros estimam ser tratados com o acatamento que reclamamos para nós.
Você não precisa dedicar-se à conversação inconveniente, mas se alguém desenvolve assunto indesejável é possível escutar com tolerância e bondade, sem ferir o interlocutor.
Pessoa alguma, em sã consciência, tem a obrigação de compartilhar perturbações ou conflitos de rua.
Perante alguém que surja enfermo ou acidentado, coloquemo-nos, em pensamento, no lugar difícil desse alguém e providenciemos o socorro possível.
(“Sinal Verde”, de F C Xavier e André Luiz)

NOS  COMPROMISSOS DO TRABALHO
Nunca se envergonhe, nem se lamente de servir.
Enriquecer o trabalho profissional, adquirindo conhecimentos novos é simples dever.
Colabore com as chefias através da obrigação retamente cumprida, sem mobilizar expedientes de adulação.
Em hipótese alguma diminuir ou desvalorizar o esforço dos colegas.
Jamais fingir enfermidades ou acidentes, principalmente no intuito de se beneficiar das leis de proteção ou do amparo das instituições securitárias, porque a vida costuma cobrar caro semelhantes mentiras.
Nunca atribua unicamente a você o sucesso dessa ou daquela tarefa, compreendendo que em todo trabalho há que considerar o espírito de equipe.
Sabotar o trabalho será sempre deteriorar o nosso próprio interesse.
Aceitar a desordem ou estimulá-la, é patrocinar o próprio desequilíbrio.
Você possui inúmeros recursos de promover-se ou de melhorar a própria área de ação, sem recorrer a desrespeito, perturbação, azedume ou rebeldia.
Em matéria de remuneração, recorde: quem trabalha deve receber, mas igualmente quem recebe deve trabalhar.
(“Sinal Verde”, de F C Xavier e André Luiz)

REUNIÕES  SOCIAIS
A reunião social numa instituição ou no lar, deve sempre revestir-se do espírito de comunhão fraterna.
Sempre que o espinho da maledicência repontar nas flores do entendimento amigo, procure isolá-lo em algodão de bondade, sem desrespeitar os ausentes e sem ferir aos que falam.
As referências nobres sobre pessoas, acontecimentos, circunstâncias e cousas são sempre indícios de lealdade e elegância moral.
Ignore, em qualquer agrupamento, quaisquer frases depreciativas que sejam dirigidas a você, direta ou indiretamente.
Evite chistes e anedotas que ultrapassem as fronteiras da respeitabilidade.
Ante uma pessoa que nos esteja fazendo o favor de discorrer sobre assuntos edificantes, não cochiche nem boceje, que semelhantes atitudes expressam ausência de gabarito para os temas em foco.
Nunca desaponte os demais, retirando-se do recinto em que determinados companheiros estão com a responsabilidade da palavra ou com o encargo de executar esse ou aquele número artístico.
As manifestações de oratória, ensinamento, edificação ou arte exigem acatamento e silêncio.
Jamais rir ou fazer rir, fora de propósito, nas reuniões de caráter sério.
Aproveitar-se, cada um de nós, dos entendimentos sociais para construir e auxiliar, doando aos outros o melhor de nós para que o melhor dos outros venha ao nosso encontro.
(“Sinal Verde”, de F C Xavier e André Luiz)

Vida em Vida, capítulo 5;
CONTATO  SOCIAL
Emmanuel
Não menosprezes o quadro de luta em que nasceste.
A sociedade humana é o filtro renovador do espírito que surge e ressurge na carne a fim de purificar-se e evoluir para a luz.
Seja onde for o ponto de ação em que te situas, deixa que o grande entendimento te inspire o caminho para que a bondade te sustente o roteiro.
Não te consagres à reprovação diante das faltas alheias, nem cultives o azedume à frente do mal.
Recorda que a Justiça Divina preside todas as ocorrências, operando as necessárias transposições no curso das horas, a fim de que todas as criaturas se ajustem ao destino que o mundo lhes assinala.
Os que hoje escapam deliberadamente ao dever de ajudar, voltarão amanhã com os tristes remanescentes da própria fuga para que lhes recapitulem os lances do aprendizado.
Não necessitas acusar o delinqüente que te aflige a visão, porque o tempo gravará nele mesmo os dolorosos sinais da loucura a que se confia e nem te cabe criticar os afortunados que tripudiam, insensatos, no sofrimento dos infelizes, porquanto, mais tarde, envergarão a estamenha da angústia, restaurando a tranqüilidade do próprio ser.
Lembra-te de que os revoltados regressarão ao palco da Terra, em dolorosas inibições para que aprendam a buscar o prazer de servir, e não olvides que a inteligência ingrata e escarnecedora retomará um corpo enfermiço em que a idiotia ser-lhe-á inquietante cadeia de temporária derrota.
Guarda a certeza de que o Senhor nos concede o contato social por lição sublime na escola da experiência.
Os ignorantes e os sábios, os melhores e os menos bons, os superiores e os subalternos, os familiares e os companheiros, as simpatias e os desafetos são recursos educativos, com que a infinita Bondade nos aprimora.
Arma-te de paciência e de amor e compadece-te de todos, auxiliando sem distinção.
Não violentes.
Não firas.
Não condenes.
Não amaldiçoes.
Cada qual de nós é peça importante na engrenagem da vida e o trabalho essencial que nos cabe fazer é justamente o do nosso próprio burilamento, de vez que, retificando em nós aquilo que nos aborrece nos outros, estaremos aperfeiçoando em nós mesmos os valores imperecíveis da evolução.
(“Vida em Vida”, de F C Xavier e Espíritos Diversos)

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